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sábado, 23 de abril de 2011

Poema de Sebastião da Gama

 O MENINO GRANDE
 
 Também eu, também eu,
 joguei às escondidas, fiz baloiços,
 tive bolas, berlindes, papagaios,
 automóveis de corda, cavalinhos...
 Depois cresci,
 tornei-me do tamanho que hoje tenho,
 os brinquedos perdi-os, os meus bibes
 deixaram de servir-me.
 Mas nem tudo se foi:
 ficou-me,
 dos tempos de menino,
 esta alegria ingénua
 perante as coisas novas
 e esta vontade de brincar.
 Vida!
 não me venhas roubar o meu tesouro:
 não te importes que eu ria,
 que eu salte como dantes.
 E se eu riscar os muros
 ou quebrar algum vidro
 ralha, ralha comigo, mas de manso...
 (Eu tinha um bibe azul...
 Tinha berlindes,
 tinha bolas, cavalos, papagaios...
 A minha Mãe ralhava assim como quem beija...
 E quantas vezes eu, só pra ouvi-la
 ralhar, parti os vidros da janela
 e desenhei bonecos na parede...)
 Vida!, ralha também,
 ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,
 como se fosse ainda a minha Mãe...
 

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